Eu demorei um tempinho para dar aquela “desbundada”
adolescente, ficar irresponsável e inconsequente. E nem nessas ocasiões a vida
me deu cobertura. Lembro que logo após o ensino médio fui fazer cursinho no
Objetivo da Paulista. Ah, a escadaria da Gazeta... Acho que nunca assisti todas
as aulas de uma manhã. O recorde eram 3 (eram dadas 6 aulas). Eu chegava
atrasada, saía mais cedo. Bebia cerveja com a galera antes de voltar pra casa.
E um desses dias, eu altinha, pego o ônibus com aquele bafinho, e sento sem
ver... Quando olhei pro lado, quem estava? Minha mãe. Fala sério, isso é muito
azar. Ou seria se minha mãe fosse uma daquelas cabeçudas quadradas que nunca
tivesse feito pior.
Nem preciso dizer que eu, que sempre tinha sido uma aluna
com notas altas, sempre elogiada pelos professores, não passei no vestibular
por algum tempo... Foram 2 anos e meio de cursinho. Esse do objetivo e um e
meio no Anglo. Esse eu levei a sério... Mais ou menos. Tava com siricotico de
namoros também e isso influenciava. Ah, essa época foi quando a internet chegou
na vida dos comuns. Tínhamos um computador na sala e eu passava as madrugadas
nas salas de bate papo.
Eu queria duas coisas pensando profissionalmente: biologia
ou direito. Eu lembro que tinha a ver com a questão ambiental e com as
famílias, crianças, mas não lembro direito de outras razões. Acho que era mais
um engajamento que uma vocação. Acho não, hoje estou certa disso.
Vejo amigos insatisfeitos com suas carreiras e penso
nisso... Como somos levados a escolher o futuro em um período em que estamos às
voltas com o engajamento em diferentes grupos e questões. Sem saber realmente
se vamos levar estas opiniões para frente, se vamos conhecer novos pontos de
vista e somos praticamente criadores da verdade, não apenas donos dela.
E em algum momento por aí eu fui mais uma vez para a sala de
terapia. Minha primeira terapia foi após a morte do meu pai. Minha mãe uma vez
me disse que ela não sabia como lidar com os sentimentos dela a respeito do
assunto, imagina os meus, então achou que aquela pessoa poderia me ajudar. Não
sei se ajudou. Me dei alta quando ela compartilhou com meu padrasto um segredo
que era só meu, dela e da minha mãe. Eu tinha uns 10 anos na época.
Mas voltando, eu estava adolescente, em terapia com uma
professora da PUC, muito bacana mesmo. Minha primeira referência de piruá. Ela
se enfeitava toda com brincos colares e pulseiras. Sempre com um belo batom. Lá
sim o trabalho foi muito produtivo. Profundo. E em algumas épocas não. Eu
também fugia das minhas verdades, me escondia em dramas, repetia padrões.
Um dia ela me deu uma revista de psicologia para eu ler um
artigo. Era sobre o assunto que trabalhávamos naquele período. E eu li a
revista toda e na sessão seguinte levei umas 10 mais emprestadas. Achei minha
vocação e passei no primeiro vestibular que prestei. São Marcos.
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